Conceito: Corresponde à taquiarritmia cujos mecanismos de produção, circuito de reentrada ou foco ectópico, localiza-se abaixo da bifurcação do feixe de Hiss.
• A ativação anômala dos ventrículos modifica os complexos QRS, tornando-os largos e bizarros, com duração superior a 120 ms.
• Na maioria das vezes, os complexos QRS mostram o padrão de BRD, com deflexões essencialmente positivas em V1, de aspecto de “orelha de coelho”, indicando a origem ventricular esquerda desta arritmia. Menos freqüente, o padrão é de BRE, indicando a sua origem no VD ou no septo interventricular.
• As ondas T encontram-se alteradas, com sentido oposto ao QRS.
• As ondas P geralmente não estão presentes, porém, quando evidenciadas, estão independentes e não relacionadas aos QRS-dissociação AV. Menos frequentemente, as ondas P podem ocorrer após o QRS, no sST, de polaridade negativa em D2-D3-aVF, em razão da ativação retrógrada dos átrios-captura atrial.
A TV indica um grau extremo de irritabilidade do miocárdio ventricular e pode evoluir para a fibrilação ventricular. Frequentemente, associa-se a cardiopatias com grave degeneração miocárdica, tais como o IAM, espasmo coronariano, aneurisma do VE, dilatação ventricular, miocardite aguda, miocardiopatia chagásica, hiperpotassemia, estados anóxicos e outros.
TAQUICARDIA VENTRICULAR PAROXÍSTICA(TV MONOMÓRFICA REPETITIVA)
Conceito: A TVP indica a taquiarritmia ventricular de início e términos súbitos, de caráter repetitivo e cujos complexos QRS apresentam-se com formas, amplitude e duração semelhantes, na mesma derivação.
(1) FC: Elevada, entre 130 e 200 bpm.
(2) Ritmo: Em geral regular, intervalos R-R constantes. Todavia, discreta irregularidade pode, por vezes, ser encontrada.
(3) Onda P: Em geral, não estão presentes, porém quando evidenciadas, estão dissociadas dos QRS, ou negativas sobre o sST.
(4) IPR: Inexiste
(5) QRS/T: QRS largos e bizarros, com duração superior a 120 ms. Na maioria das vezes, apresentam-se com morfologia tipo BRD. Ondas T alteradas com sentido oposto ao QRS e presença de complexos de fusão e captura.
VARIEDADES DE TV:
1. TAQUICARDIA VENTRICULAR NÃO-SUSTENTADA:
• Indica a taquicardia ventricular autolimitada, com duração inferior a 30 s e que usualmente tem o seu término espontâneo.
2. TAQUICARDIA VENTRICULAR SUSTENTADA:
• Indica a taquicardia ventricular de duração prolongada, acima de 30 s.
3. TAQUICARDIA VENTRICULAR BIDIRECIONAL:
• Corresponde à taquicardia ventricular em que os complexos QRS apresentam-se basicamente com duas configurações alternadas, deflexões positivas e negativas. A freqüência ventricular varia entre 140 e 200 bpm. Os mecanismos eletrofisiológicos propostos são a existência de dois focos ectópicos ventriculares distintos ou a alternância de bloqueios fasciculares com padrões de HBAE e HBPE.
• Implica em mau prognóstico clínico, pois associa-se a cardiopatias com grave dano miocárdico, além de ser fortemente indicativa de intoxicação digitálica nos pacientes em uso de digital.
4. TAQUICARDIA VENTRICULAR EM TORSADES DE POINTES:
• Corresponde à forma polimórfica da taquicardia ventricular paroxística. As alterações eletrocardiográficas caracterizam-se por modificações na configuração dos QRS que se apresentam com formas, amplitudes e durações variadas. Os complexos QRS parecem girar em torno da linha de base, dirigindo as suas “pontas”, ou seja, a polaridade, ora para cima, ora para baixo, adquirindo o aspecto de trançado. A freqüência ventricular está elevada, entre 200 e 250 bpm. Os mecanismos eletrofisiológicos propostos são a reentrada do impulso nas fibras ventriculares ou o fenômeno de dispersão da repolarização ventricular, em que as fibras cardíacas, num determinado momento, apresentam-se em graus variados de recuperação.
• A TORSADES DE POINTES está associada na quase totalidade dos casos à Síndrome do QT Longo, seja de natureza congênita ou adquirida. Isso é importante pois o aumento do intervalo QT implica em risco adicional de evolução para fibrilação ventricular.
Referência bibliográfica:
GOLDWASSER, Gerson P. Eletrocardiograma orientado para o clínico: método completo e prático de interpretação com questões de múltipla escolha e respostas comentadas. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, c2002. 327p. ISBN 8573096330 (enc.)
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